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terça-feira, 22 de março de 2011

TENDINITE: quem não tem, conhece alguém que tem

Além da "famosa" bursite no ombro direto, o ex-presidente Lula apresenta tendinite no ombro esquerdo
O que é?

        Toda palavra terminada pelo sufixo "ite" indica processo inflamatório. Tendinite é a inflamação do tendão e de sua bainha.
        O tendão é uma estrutura que transmite a tração muscular ao osso e permite o movimento, ele pode ser pequeno, como nas mãos, ou grande como o tendão do calcanhar. 


Estrutura do tendão dos músculos: abdutor longo e extensor curto do polegar
Como acontece?

        Imagine um tendão de um músculo realizando vários movimentos sem parar, produzindo energia e liberando calor. O que acontece quando a liberação de calor está além do esperado pelo nosso corpo? O tendão poderá atingir temperaturas de até 45 graus dentro dele e causará morte de células e processo inflamatório: a tendinite. 
        As tendinites mais comuns:
Tendinite no manguito rotador (grupo muscular do ombro); na região do cotovelo (epicondilite); nos extensores do punho.

Tendinite patelar (joelho) e tendinite do Aquiles (tornozelo).

           A tendinite pode ocorrer por 2 causas principais:  

1. Mecânica: causada por esforços repetitivos e prolongados, excesso de força ou posição viciosa. Corresponde a maioria dos casos.
A "era da tecnologia" aumentou significativamente os casos de tendinite
2. Química: relacionada a desidratação de tendões e músculos, além de alimentação inadequada pois pode provocar o acúmulo de toxinas no organismo.


Onde ocorre?

       Todos os tendões podem sofrer esse processo inflamatório, em qualquer articulação. A variedade de tendinite está geralmente relacionada ao trabalho, sendo chamada de DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho).
       Algumas profissões e atividades estão mais predispostas:


Movimentos repetitivos dos atletas: tenista, jogador de futebol, vôlei e levantamento de peso.
Pianistas e violinistas apresentam grande incidência de tendinite.
Sinais e Sintomas
  • Dor (muitas vezes "latejante")
  • Edema (inchaço)
  • Calor
  • Vermelhidão
  • Diminuição de força
  • Diminuição na ADM (Amplitude de Movimento)
  • Sensação de formigamento
Prevenção
  • Manter boa postura
  • Preparar a musculatura para as atividades
             O alongamento muscular é a melhor forma de preparar o músculo e prevenir lesões. Deve ser realizado em todo o corpo (siga dicas do Post "ALONGUE-SE"). 
Alongamentos para prevenção de tendinite do ombro, cotovelo e punho
À direita observe a posição CORRETA do punho ao utilizar o mouse. É preciso manter uma posição neutra para não sobrecarregar a articulação.
No seu trabalho não tem suporte adequado para manter uma boa postura? 
Então... IMPROVISE:

Dica legal para apoiar o punho na tentativa de manter uma posição neutra.

Tratamento
  • Medicamentoso
    • Antiinflamatórios (conforme indicação médica)
  •  Fisioterapia
    • Repouso
    • Crioterapia: o gelo em casos agudos é eficaz
    • TENS: Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea para efeito analgésico
    • Laser e Ultra-som: para tratar a inflamação tendínea
    • Massoterapia
    • Mobilização intra-articular e exercícios de ADM passiva e ativa para preservar os movimentos articulares
    • Preservar força muscular
    • Preservar a função muscular através de atividades diárias
    • Orientações: alongamentos e postura adequada
             O primeiro passo para o sucesso do tratamento é afastar o organismo do mecanismo que gera a tendinite.  A resposta é lenta, e poderá ser ainda mais lenta se o paciente continuar realizando as atividades repetitivas.
E a luvinha da tendinite?? É indicada? 
Órtese para estabilizar a articulação do punho
            Na fase aguda da inflamação, o uso da "luvinha" ou de uma tipóia para estabilizar o ombro promovem um certo conforto ao paciente e limitam o movimento. Por isso pode ajudar no tratamento, porém não é indicado ser utilizada por muito tempo pois o músculo ficará "acomodado" e fraco, podendo causar fibroses e diminuir a amplitude de movimento.
  • Cirurgia
    • Indicada apenas quando o tratamento conservador não solucionar
    • A fisioterapia deve ser realizada antes e após a cirurgia


DICA - Uma tendinite que perdure por mais de 30 dias, deverá ser investigada com mais rigor, pois o tendão poderá já estar apresentando ruptura de suas fibras. 









    terça-feira, 8 de março de 2011

    Hérnia de Disco

    O que é?
              Para entender a hérnia de disco, é preciso conhecer um pouco sobre a anatomia humana. Nossa coluna é composta por 33 vértebras empilhadas umas sobre as outras, entre uma vértebra e outra existe o disco cartilaginoso que é formado por um núcleo e um anel fibroso. Esse disco tem função de amortecer impactos, além de permitir a mobilidade e passagem dos nervos pela coluna. 


    Observe a grande importância dos discos intervertebrais. Na imagem em destaque, o disco saiu do centro e herniou para região lateral causando compressão nervosa.

    À esquerda uma visão mais geral de um disco normal e outro herniado, o aspecto discal se assemelha a uma gelatina. À direita, a seta indica o espaço entre os discos que permite a passagem nervosa e a realização de movimentos.



                   A hérnia de disco ocorre quando parte ou até o disco inteiro "escorrega" para trás ou para o lado. É mais comum na coluna lombar e cervical, pois são regiões que permitem mais movimento e suportam mais carga.


    Quais as causas da hérnia?
    • Postura inadequada
    • Trabalho repetitivo
    • Atividade física excessiva ou inadequada
    • Carga excessiva
    • Obesidade: o excesso de peso sobrecarrega as articulações
    • Fatores genéticos
    • Traumas
    • Infecções
      Sinais e Sintomas 
    • Dor: é o principal sintoma, pode percorrer todo o trajeto do nervo ciático
    • Dormência ou formigamento que podem chegar até o pé
    • Fraqueza muscular
    • Dificuladade para andar ou até para ficar de pé
    • Comprometimento do equilíbrio
    • Diminuição da sensibilidade
    Hérnia de disco causando compressão nervosa


              Os sintomas podem variar dependendo do local acometido. Quando a hérnia é cervical pode ocorrer dor no pescoço e membros superiores. Em casos de hérnia lombar, os sintomas predominam a região glútea e de membros inferiores.

    Tratamento


          O objetivo principal da fisioterapia será resgatar o equilíbrio da coluna para promover alívio da dor e melhorar a qualidade de vida.
    • Analgesia (TENS, shiatsu, termoterapia, crioterapia)
    • Terapia Manual
    Terapia Manual
    • Tração: promove o aumento dos espaços intervertebrais, promovendo descompressão do disco e alívio da dor.
    •  
    • Conscientização e fortalecimento muscular: é fundamental trabalhar a consciência e fortalecimento muscular,e em especial os músculos abdominais, pois são os grandes estabilizadores da coluna lombar. Esse grupo muscular precisa está forte para auxiliar no equilíbrio do eixo corporal.
    Técnica de Estabilização Segmentar


    • Alongamento muscular: deve ser realizado com cautela com acompanhamento do terapeuta, pois pode aumentar a dor quando realizado na postura ou momento errado.
    Alongamento passivo de glúteos e paravertebrais (músculos da coluna)
    • Hidroterapia: além de promover relaxamento, a água promove uma diminuição do peso corporal e é muito bem aceita para iniciar o tratamento. Após a crise o paciente não consegue caminhar por muito tempo, mas no meio líquido será mais fácil atingir os objetivos e também é uma forma de fortalecimento muscular devido a resitência da água.
    Hidroterapia: técnica de Watsu


    • Pilates: indicado como prevenção e tratamento
    • Correção postural e orientações para manutenção diária da postura correta

           Se seu corpo se identificou com esses sintomas, consulte seu  médico com urgência. Não espere a dor se acentuar, não espere a "crise de hérnia" acontecer! O sucesso com a fisioterapia é alcançado quase sempre quando diagnosticado precocemente. A cirurgia só será indicada em casos muito graves.
            Respeite os limites do seu corpo e preserve sua saúde!
     

    domingo, 6 de março de 2011

    Síndrome do Piriforme

    Você já ouviu o seguinte diálogo?

    - "Estou com uma dor na região lombar que vai descendo até a perna."
    E a resposta de prontidão é:
    - "Ahh, dever ser ciático! Foi assim com meu vizinho."

           Pois é... infelizmente muitas pessoas acreditam saber o seu próprio diagnóstico baseado no quadro clínico de um parente ou amigo. Porém, é recomendado consultar o médico e realizar os exames necessários.


         A Síndrome do Piriforme (SP) pode ser confundida com a ciatalgia (dor na região do nervo ciático - "dor ciática"). Na SD ocorre uma irritação no nervo ciático quando ele passa abaixo ou entre as fibras do músculo piriforme. Para facilitar o entendimento, observe a imagem:


        Trajeto do nervo ciático: inicia na região lombar (entre L4 e L5), passa pela região glútea, e se estende até o pé.


    Localização do nervo ciático e músculo piriforme. Nervo ciático passando abaixo do piriforme.
               
                 Na verdade, não existe apenas um músculo que passa próximo do nervo ciático. A figura acima mostra que vários pequenos músculos estão nessa região, porém o piriforme é o mais próximo.

    Qual a origem da Síndrome?
    • Encurtamento muscular devido má postura
    • Hipertrofia muscular
    • Tensão muscular
                Profissões que exigem muito tempo na postura sentada causam tensão e encurtamento do piriforme (fig.1). Usar a carteira no bolso de trás e ainda sentar sobre ela pode comprimir o piriforme e gerar dor (fig. 2). Também conhecida como “Síndrome do bumbum sarado”, o treino abusivo de glúteo da academia pode tensionar o músculo e comprimir o nervo ciático (fig. 3).
     
    Fig.1                       Fig.2                            Fig.3




    • Atividades em excesso sem preparo muscular (ex.: futebol, corrida, tênis)
    • Inflamação crônica
    • Traumas na região do quadril (exemplo: queda)
    • Anatomia do músculo e sua relação com o nervo: o nervo pode passar acima, abaixo ou entre as fibras do piriforme

    Achados Clínicos:
    • Dor na região lombar e/ou glútea que desce para perna e pode se estender até o pé
    • Dificuldade para caminhar
    • Sensação de formigamento ou queimação na região posterior e lateral da coxa e pé
    Irradiação da dor para perna

    • Alteração na marcha devido a dor
    • Músculo piriforme evidente durante a palpação
    • Atrofia glútea (redução de massa muscular)

                Os sintomas podem ser confundidos com os de uma hérnia de disco. É indispensável o acompanhamento médico e do fisioterapeuta.


    Tratamento Fisioterapêutico:
    • Condutas analgésias (TENS, termoterapia, laser)
    • Orientar em relação ao repouso e mudanças de maus hábitos posturais
    • Alongamento e fortalecimento muscular

    Alongamento passivo do músculo piriforme

    • Massagem profunda, pois é um músculo profundo
    • Mobilização Neural (movimentar o nervo ciático para liberar a região da dor)
    • RPG (Reeducação Postural Global)
    • FNP (Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva)
    • Pilates
    • Acupuntura
    Acupuntura

      quinta-feira, 3 de março de 2011

      Acidente Vascular Cerebral (AVC)

                 O AVC pode ser chamado de infarto cerebral, isquemia cerebral ou o popular "derrame cerebral", mas o mais correto é AVE (Acidente Vascular Encefálico).  Pode ser causado por hemorragia ou isquemia. O AVE isquêmico é o mais comum, ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo como em casos de trombose, onde o coágulo de sangue impede a nutrição de células cerebrais. O AVE hemorrágico é o menos comum e mais grave, ocorre um rompimento do vaso sanguíneo e extravasa sangue na região cerebral,  esse evento pode ser devido ao aumento da PA (pressão arterial).


                Quais os sintomas mais comuns? Os sintomas do AVC estão relacionados com a área do cérebro que foi atingida:
      • Dificuldade ou ausência de movimento em um lado do corpo
      • Diminuição da força em um membro ou em todo lado do corpo
      • Alteração de sensibilidade e formigamento
      • Dificuldade para caminhar e ficar de pé
         
      Sinal clássico do AVC: Hemiplegia

      • Dificuldade para falar
      • Alteração na musculatura da face (ex.: boca "torta")
      • Alterações visuais
      • Desorientação
      • Crise convulsiva
        
                Como posso me proteger para evitar um AVC?
      • Praticar exercício físico regular   
        
      • Evitar consumo exagerado de bebidas alcoólicas
      • Evitar tabagismo
      • Dieta rica em peixe, cálcio e potássio
      • Controlar o consumo de gordura
      • Seguir as orientações médicas em casos de: hipertensão, diabetes e doenças do coração
      • Evitar obesidade
      • Anticoncepcionais hormonais: os mais utilizados são as pílulas, mas o médico deve avaliar e orientar cada caso. Atualmente se acredita que as pílulas com baixo teor hormonal, em mulheres que não fumam e não tenham outros fatores de risco, não aumentam a probabilidade de aparecimento de AVC. (fonte:http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=44)

      Tratamento do AVC:

              Diante de uma suspeita de AVC, o indivíduo deve ser imediatamente levado ao Pronto Socorro. Após o dignóstico médico, o tratamento para reabilitação deve ser iniciado precocemente. Dentre os profissionais envolvidos, o fisioterapeuta está intimamente ligado ao processo de reabilitação. 

      Tratamento Fisioterapêutico:
      • Prevenir deformidades através de alongamentos musculares e mobilização das articulações
      • Orientações sobre posturas corretas
      • Aliviar o quadro de dor: técnicas de relaxamento muscular aliviam a dor e facilitam os movimentos
      • Fortalecimento muscular
      • Melhorar a amplitude de movimento e flexibilidade
      • Melhorar o equilíbrio
      • Devolver o paciente ao convívio social
      • Repetição de atividades do cotidiano, pois os estudos comprovam que a repetição de movimentos estimula as regiões cerebrais a se reorganizarem e formarem novas conexões, é o processo de PLASTICIDADE NEURAL
      Novas conexões entre neurônios


               A fisioterapia mostra resultados bastante positivos no processo de reabilitação após   um AVE, mas é impotante uma intervenção precoce e empenho do paciente ao tratamento. Vale ressaltar que cada casa é único, cada organismo responde de forma diferente e em tempos diferentes. A prevenção é o melhor remédio.